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sábado, 27 de agosto de 2011

Parabéns a todos os Psicólogos pelo nosso dia!

Juramento oficial do Psicólogo

Art. 3º - Fica estabelecido o seguinte texto para o juramento:

“Como psicólogo, eu me comprometo a colocar minha profissão a serviço da sociedade brasileira, pautando meu trabalho nos princípios da qualidade técnica e do rigor ético. Por meio do meu exercício profissional, contribuirei para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão na direção das demandas da sociedade, promovendo saúde e qualidade de vida de cada sujeito e de todos os cidadãos e instituições.”


JURAMENTO DO CURSO DE PSICOLOGIA

“Juro valer-me do conhecimento que me foi dado como instrumento de mudança e de construção de um mundo onde o homem possa realizar-se em liberdade. Prometo envolver-me com o meu semelhante no espaço que existe entre teorizar a vida e viver a vida, porque acredito ser nesse espaço que psicólogos e clientes se encontram e se transformam mutuamente. Prometo não me isolar dentro da psicologia, mais dela partir para uma realidade mais abrangente, onde eu possa enxergar o homem no seu contexto social e político e onde o meu trabalho tenha um sentido mais real e justo, observando sempre dispositivos legais e éticos da profissão.”

Obstáculos - Razões de alguns dos nossos fracassos (Jorge Bucay)


Obstáculos - Jorge Bucay
“Este texto que estou a reproduzir aqui não é na realidade um conto, mas antes uma meditação guiada, delineada em forma de sonho destinado a explorar as verdadeiras razões de alguns dos nossos fracassos. Permito-me sugerir-lhe que o leia atentamente, tentando deter-se uns instantes em cada frase, visualizando cada situação”. (Jorge Bucay)

Vou caminhando por uma vereda.
Deixo que os meus pés me levem.
Os meus olhos pousam-se nas árvores, nos pássaros, nas pedras.
No horizonte recorta-se a silhueta de uma cidade.
Fixo nela o olhar para a distinguir bem.
Sinto que a cidade me atrai.
Sem saber como, dou-me conta de que nesta cidade posso encontrar tudo o que desejo.


Todas as minhas metas, os meus objetivos e os meus logros.
As minhas ambições e os meus sonhos estão nesta cidade.
Aquilo que quero conseguir, aquilo de que necessito, aquilo
que eu mais gostaria de ser, aquilo a que aspiro, aquilo que tento, aquilo pelo que trabalho, aquilo que sempre ambicionei, aquilo que seria o maior dos meus êxitos.
Imagino que tudo está nessa cidade.
Sem duvidar, começo a caminhar até ela.




Pouco depois de começar a andar, a vereda põe-se a subir pela encosta acima.
Canso-me um pouco, mas não importa.
Sigo.
Avisto uma sombra negra, mais adiante, no caminho.
Ao aproximar-me, vejo que uma enorme vala impede a minha passagem.
Receio… Duvido.
Desgosta-me não conseguir alcançar a minha meta facilmente.
De todas as maneiras, decido saltar a vala.
Retrocedo, tomo impulso e salto…
Consigo passá-la.

Recomponho-me e continuo a caminhar.
Uns metros mais adiante, aparece outra vala.
Volto a tomar impulso e também a salto.
Corro até à cidade: o caminho parece desimpedido.
Surpreende-me um abismo que detém o meu caminho.
Detenho-me.
É impossível saltá-lo.
Vejo que num dos lados há tábuas, pregos e ferramentas.

Dou-me conta de que estão ali para construir uma ponte.
Nunca fui habilidoso com as minhas mãos…
… penso em renunciar.


Olho para a meta que desejo… e resisto.
Começo a construir a ponte.
Passam horas, dias, meses.
A ponte está feita.
Emocionado, atravesso-a e ao chegar ao outro lado… descubro o muro.
Um gigantesco muro frio e úmido rodeia a cidade dos meus sonhos…
Sinto-me abatido…




Procuro a maneira de o evitar.
Não há forma.
Tenho de o escalar.
A cidade está tão perto…
Não deixarei que o muro impeça a minha passagem.
Proponho-me trepar.
Descanso uns minutos e tomo ar…





Rapidamente vejo, de um lado do caminho,
uma criança que olha para mim como se me conhecesse.
Sorri-me com cumplicidade.
Faz-me vir à memória como eu próprio era… quando criança.

Talvez por isso me atrevo a expressar em voz alta a minha queixa.
— Porquê tantos obstáculos entre o meu objetivo e eu?
A criança encolhe os ombros e responde-me.
— Porque me perguntas a mim?
Os obstáculos não existiam antes de tu chegares… Foste tu que trouxeste os obstáculos.

Jorge Bucay - Contos para pensar - Cascais, Editora Pergaminho, 2004


    

Jorge Bucay, Argentino, 1949, é um  psicoterapêuta, psicodramatista e escritor. Seus livros já venderam mais de 2 milhões de cópias em todo o mundo e foram traduzidos em mais de dezessete idiomas. Em 1973, graduou-se como médico da Universidade de Buenos Aires , e especializado em doenças mentais no Hospital Pirovano, Buenos Aires e na clínica Santa Mónica. Atualmente, ele define seu trabalho como ajudante profissional. Ele divide sua atenção entre assistir a conferências de ensino terapêutica, que o levaram ao redor do mundo, ea escrita dos seus livros, que ele considera ferramentas terapêuticas.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Sandra Tonsa - Psicóloga: Psicologia x Mitologia – O significado do Tridente...

Sandra Tonsa - Psicóloga: Psicologia x Mitologia – O significado do Tridente...: A letra "Psi " O símbolo adotado pela Psicologia corresponde a vigésima terceira letra do alfabeto grego , cujo significado é PSI. A este ...

O Tridente Ψ, Símbolo da Psicologia e Sua Relação com Mitos e Religiões

A letra "Psi" O símbolo adotado pela Psicologia corresponde a vigésima terceira letra do alfabeto grego, cujo significado é PSI.  A este prefixo “PSI” adicionou-se o sufixo “QUE” formando a palavra “PSIQUE”, que em outras palavras significa: estudo da alma. O termo grego psychein ("soprar"), é uma palavra ambígua que significava originalmente "alento" e posteriormente, "sopro". Dado que o alento é uma das características da vida, a expressão "psique" era utilizada como um sinônimo de vida e por fim, como sinônimo de alma, considerada o princípio da vida. A psique seria então a "alma das sombras" por oposição à "alma do corpo".

O termo adquiriu outros significados ao longo do tempo, a exemplo do apresentado na peça Psyché, de Molière. Pode-se destacar ainda a versão de Jean de La Fontaine (1621 — 1695), no romance Os Amores de Psique e Cupido, além das versões clássicas como de Apuleio (125 - 180), Eros e Psique (Metamorfose: livros IV, V e VI), entre outras.

Relevante para a psicanálise é a versão mítica, utilizada por Sigmund Freud, ao propor a utilização dos termos Eros e Tânato em seu livro Além do princípio do prazer (1922). A psicologia, mesmo inadvertidamente, traz essa carga semântica, à sua definição. Inicialmente a Psicologia surgiu voltada para o estudo da alma, mas com a influência do positivismo no contexto mundial, a Psicologia só poderia ser considerada ciência natural, caso possuísse um objeto de estudo que não fosse metafísico (imperceptível aos sentidos humanos) e que estivesse contido nas dimensões temporais e espaciais.  Assim, a “alma” não poderia mais ser o objeto de estudo da Psicologia que aspirava tornar-se ciência. A “alma” não podia ser observada e nem mensurada, portanto, não atendia aos requisitos científicos estabelecidos pela corrente positivista.

O Behaviorismo Metodológico, veio para resolver este impasse e finalmente elevar a Psicologia ao status de ciência.  Watson propôs que o objeto de estudo da Psicologia não deveria ser a alma, mas sim todo comportamento observável.  Hoje, o símbolo “PSI” representa o tripé que sustenta a ciência do comportamento em suas três vertentes: A corrente comportamentalista, a corrente psicanalítica e a corrente humanista.

Estudar psicologia sem entender o significado profundo do seu símbolo representativo significa perder um elemento essencial para sua compreensão. Inicialmente, é importante lembrar que além de ser o símbolo, é também uma das letras do alfabeto grego, correspondente ao fonema "psi" e ao número 17. Embora este seja o começo da explicação sobre seu significado, não podemos esquecer que a letra "psi" tem toda uma história e está associada a realidades muito profundas, expressadas através da mitologia.



A letra "psi" é o principal símbolo representativo de Deus Possêidon (ou Netuno em Latin). Possêidon significa "senhor das águas", é o Deus das águas, mas principalmente, das águas subterrâneas e submarinas. De acordo com a Mitologia, após a vitória dos Deuses sobre os Titãs, o universo, foi dividido em três reinos, um para cada irmão: Possêidon obteve o domínio do mar. Zeus, a maior autoridade do Olimpo, ganhou domínio sobre o céu e a terra e Hades sobre os infernos e o mundo subterrâneo e vulcânico.

Possêidon nem sempre foi muito dócil à superioridade e autoridade de seu irmão Zeus. Possêidon percorria as ondas sobre uma carruagem tirada por seres monstruosos, meio cavalo meio serpente ou por cavalos. Seu cortejo era formado por peixes e delfins e criaturas marinhas de todas as espécies. Eram jogados touros vivos no mar como sacrifício a Deus. Possêidon Reina em seu império líquido, a maneira de um "Zeus marinho", tendo por cetro e arma o tridente, que dizem ser tão terrível quanto o raio. Uma concepção mais antiga de Possêidon é o de "sacudidor da terra", o que corresponde a uma ação de baixo para cima, isto é, uma atividade exercida do seio da terra por uma divindade subterrânea. Quando a terra treme devido á força de Possêidon, tudo que está apoiado sobre a terra é destruído.

O tridente era usado por Possêidon como arma de guerra, ao varar o coração de seu adversário com esta arma, ganhava o poder sobre sua alma. Mais profundamente, as águas representavam emoções e o mar os mistérios do inconsciente. Na mitologia Hindu, representava a destruição da ignorância humana, com o tridente trishula de Shiva e suas três pontas: tamas (a inércia), rajas (o movimento) e sattva (o equilíbrio). Em culturas antigas é visto como símbolo sagrado que denota divindade, fertilidade e virilidade. Em religiões africanas como Candomblé e Umbanda, o tridente é um dos símbolos de Exu, que é orixa do movimento. É uma representação tripolar da energia positiva, negativa e neutra que ele vibra.

As três pontas do Tridente representam as três pulsões: Sexualidade, Autoconservação e Espiritualidade (Auto-realização) e, fonte de todos os desejos facilmente exaltados e da natureza imanente. A Sexualidade e a Auto conservação são forças indispensáveis para a vida, mas que também representam o perigo da perversão e a fraqueza essencial que pode possuir o homem. Sobre o conceito de espiritualidade como pulsão, Leonardo Boff em seu livro "A Águia e a Galinha" menciona textualmente o seguinte: "A vida espiritual possui em nós o estatuto de uma energia originária. De um instinto com a mesma cidadania que o instinto sexual, o instinto de saber, o instinto de poder, o instinto de violar os tabus e o instinto de transcender".

Note, não se trata de um instinto qualquer, entre tantos, mas de um instinto fundamental, articulador de todos os demais. A Pulsão da Espiritualidade também pode ser comparada ao "Impulso para a auto realização" defendido por Carl Rogers e os existencialistas e também a "necessidade de evolução" defendida por algumas teorias religiosas. Ainda de acordo com conceito das 3 pontas do Tridente, da tríade de forças, como não lembrar da divisão Freudiana do sistema psíquico em: Inconsciente, Pré-consciente e Consciente (1ª tópica - Até 1914) e em: Ego, Id e Superego (2ª Tópica - Após 1914)?

Atualmente, há diversas teorias estruturais da mente de diferentes escolas de pensamento, que embora não tenham participado da escolha do símbolo, traduzem uma representação moderna para a Nova PsicologiaAo compará-lo com a teoria de Jung, por exemplo, as três pontas do tridente podem ser relacionadas com o Inconsciente, Subconsciente e o Consciente, e sua haste o Inconsciente Coletivo. Ou, seguindo a teoria de Freud, podemos associar as três pontas ao Ego, Id e ao Superego. Também representa o tripé que sustenta a ciência do comportamento em suas três vertentes: A corrente comportamentalista, a corrente psicanalítica e a corrente humanista.

O tridente, sempre esteve ligado a canalização e direcionamento das forças que movimentam e transformam a consciência. Todos nós precisamos trabalhar estas três forças para alcançar um completo equilíbrio físico, mental e emocionalA partir disso, podemos concluir que o símbolo da psicologia é essencialmente o símbolo das forças do mundo inconsciente, que podem levar-nos à loucura e a morte ou até os estados mais perfeitos do equilíbrio psíquico.

Autoria desconhecida

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Depressão, entenda os sinais e sintomas!



“Pode-se afirmar, sem exageros, que a ‘depressão’ está na “ordem do dia”. Milhares de livros e artigos (sejam acadêmicos ou veiculados na mass media) abordam o tema, sob as óticas de áreas de saber as mais diversas (que vão desde a psiquiatria à auto-ajuda), com suas respectivas proposições de ‘cura’.”

 “Quem está deprimido perde o apetite, reduz a alimentação, emagrece, tem insônias e os sofrimentos melancólicos agudiza-se nas primeiras horas da manhã para atenuar-se à tarde. O humor é triste, a até abatido; o sentimento de impotência e de desespero não é influenciado pelos acontecimentos, mesmo quando são favoráveis. Diminui o impulso para procurar qualquer gênero de prazer e desaparece o desejo de experiências, anteriormente apreciadas com agrado. Compromete-se a capacidade de usufruir daqueles acontecimentos  que eram fonte de satisfação. O deprimido vê anular-se a capacidade de gozar algum prazer: assim, bloqueia-se uma das molas especiais que impelem para a ação; a existência esvazia-se de todo o significado”. (O prof. Prof. Dr. Giovanni B. Cassano , MD e Chefe do Departamento de Psiquiatria, Neurobiologia, Farmacologia e Biotecnologia, da Universidade de Pisa, na Itália)

Os transtornos depressivos se caracterizam principalmente por alteração do humor do paciente em direção ao pólo depressivo. Os sintomas apresentados pelos pacientes são influenciados pela faixa etária em que o problema ocorre, bem como pela presença de outras condições clínicas associadas. Englobam sintomas que precisam ser reconhecidos pelos médicos de todas as especialidades, devido à sua alta prevalência e repercussão negativa na qualidade de vida dos pacientes, bem como nas outras condições médicas que os mesmos apresentam. O tratamento clínico é realizado com antidepressivos até a remissão completa dos sintomas depressivos. Depois do tratamento agudo, o seguimento se divide em duas fases:

·          Inicialmente, deve-se manter o tratamento na dose eficaz (com a qual o paciente apresentou remissão dos sintomas) por um período igual ou maior a um ano.
·          Depois desse período de uso do antidepressivo, pode-se reduzir gradualmente a dose até a sua suspensão.
·          Em um segundo episódio depressivo, a medicação antidepressiva deve ser utilizada por um período mínimo de dois anos após a remissão dos sintomas. No caso de risco elevado de recorrência, deve-se considerar uma fase de tratamento de manutenção preventiva, com uso de antidepressivo por período indeterminado.

Algumas doenças clínicas podem cursar com sintomas depressivos, como, por exemplo, o hipotiroidismo. Os transtornos depressivos podem apresentar também uma série de sintomas físicos, o que pode levar muitos pacientes a procurarem um Clínico Geral ou um especialista em outras áreas da medicina antes de procurar um Psiquiatra.

Os transtornos depressivos são freqüentes, ocorrem em todas as culturas e níveis socioeconômicos e podem surgir em qualquer período da vida. Em adultos, o transtorno depressivo maior, um subtipo dos transtornos depressivos, alcança prevalência ao longo da vida de 10% a 25% para mulheres e de 5% a 12% para homens. A prevalência de depressão maior se mantém constante entre diferentes raças e culturas. Independente de outros fatores demográficos, as mulheres são universalmente mais acometidas por depressão maior que os homens. A idade média do início do transtorno depressivo maior se situa por volta dos 40 anos. Metade dos pacientes apresenta início dos sintomas entre 20 e 50 anos.

A Organização Mundial da Saúde estima que em 2020 os transtornos depressivos serão a segunda maior causa de comprometimento funcional, perdendo apenas para as doenças coronarianas. Esta projeção, associada à alta prevalência de sintomas depressivos na população em acompanhamento por conta de doenças, reforça a necessidade da familiarização dos médicos de todas as especialidades com o diagnóstico e tratamento deste problema de saúde pública.

Os transtornos depressivos se manifestam por meio de humor deprimido na maior parte do tempo, o que é identificado na maior parte das vezes pelo sentimento de tristeza e tendência ao choro. Há também um desinteresse por atividades antes consideradas prazerosas nota-se uma redução no tempo destinado ao trabalho ou atividades rotineiras por desinteresse e/ou por uma sensação de fraqueza, cansaço, falta de energia o pensamento pode ficar lentificado e a capacidade de concentração e atenção prejudicadas o apetite pode estar reduzido ou aumentado a qualidade do sono fica comprometida, ocorrendo insônia ou hipersônia pode ocorrer uma diminuição da atividade motora, com prostração ou situações de inquietação o conteúdo do pensamento pode alterar-se, ocorrendo idéias de menos-valia, inutilidade, culpa, pessimismo pensamentos de suicídio e/ou planejamento suicida podem aparecer em quadros mais graves, inclusive com tentativas frustradas de suicídio. Em situações graves de depressão podem ocorrer sintomas psicóticos, com alucinação e delírios, em geral de conteúdo niilista(redução ao nada; aniquilamento; não-existência).

A Organização Mundial da Saúde, por intermédio da Classificação Internacional de Doenças (CID), propõe critérios diagnósticos para os transtornos depressivos. A duração dos transtornos depressivos, sua intensidade ao longo do tempo, sua recorrência e a qualidade de seus sintomas permitem caracterizar seus subtipos clínicos. Por conta da alta prevalência dos transtornos depressivos, recomenda-se que a presença de sintomas seja investigada ativamente em todos os pacientes hospitalizados ou atendidos em ambulatórios ou consultórios.
Perguntas simples sobre como a pessoa percebe o seu humor, como está seu desempenho nas atividades que exerce ou sobre o interesse por coisas que habitualmente dariam-lhe  prazer, podem servir como triagem para uma investigação mais aprofundada.

Especificidades dos transtornos depressivos

1. Transtorno depressivo maior
O episódio pode ser único ou recorrente durante a vida do indivíduo. Em razão das diferentes combinações de sintomas, pode-se especificar o episódio de acordo com a presença de aspectos melancólicos ou atípicos.

Quadros melancólicos são caracterizados pela presença de anedonia (perda da sensação de prazer) ou humor não reativo a atividades anteriormente prazerosas, piora dos sintomas no início do dia, insônia terminal, agitação ou retardo psicomotor acentuados, anorexia, ideação de culpa excessiva. Nos quadros atípicos se encontram, sonolência excessiva, aumento exagerado do apetite e sintomas ansiosos proeminentes. Nesses casos, quando a ansiedade se mostra importante, o clínico corre o risco de diagnosticar um transtorno ansioso e tratá-lo com ansiolíticos apenas em vez de antidepressivos.

2. Transtorno depressivo menor
O transtorno depressivo menor se caracteriza pela presença de episódios depressivos, cujos sintomas são menos intensos do que ocorre na depressão maior. Embora se coloque a depressão menor como um subdiagnóstico dentro dos quadros de humor, sua etiopatologia, curso e tratamento, seguem os mesmos padrões do transtorno depressivo maior.

3. Transtorno distímico
O transtorno distímico é marcado pela presença de humor depressivo por pelo menos dois anos. Durante os dois anos iniciais não deve ter ocorrido um episódio depressivo maior. Em geral, a distimia tem início na infância e adolescência e apresenta um curso insidioso e crônico, o que faz com que o indivíduo se adapte aos sintomas e os reconheça, por vezes, como parte de seu jeito de ser. A prevalência de tal transtorno ao longo da vida é de 6%. A procura por auxílio médico ocorre, na maioria das vezes, pela superposição de episódios depressivos maiores, o que é freqüente. A distimia aparece muitas vezes como uma tristeza constante ou irritabilidade, principalmente em crianças e adolescentes. Pelo menos dois dos seguintes sintomas devem ocorrer simultaneamente: apetite diminuído ou hiperfagia, insônia ou hipersônia, falta de energia ou fadiga constante, baixa auto-estima, dificuldade para se concentrar ou para tomar decisões, desesperança. Quando a distimia se inicia precocemente, o desenvolvimento psicossocial pode ser afetado, cursando com prejuízo importante nas habilidades sociais e na auto-estima dos seus portadores.

4. Transtorno de ajustamento com humor depressivo
Sintomas característicos de um episódio depressivo, podem aparecer em reação a eventos estressores significativos na vida das pessoas. A reação apresentada reflete um sofrimento intenso, que excede o esperado, ou causa prejuízos significativos no funcionamento social ou profissional. Tais sintomas devem aparecer nos três primeiros meses após a ocorrência do estressor e se resolvem em menos de seis meses depois do término do estressor. Os sintomas podem prolongar-se para além de seis meses, principalmente em resposta a estressores crônicos, como doenças crônicas, ou de conseqüências prolongadas, como dificuldades financeiras. A abordagem terapêutica deve sempre considerar o uso de antidepressivos, em casos nos quais os sintomas se tornam graves e incapacitantes.

5. Luto
Algumas pessoas reagem à perda de entes queridos com um quadro com características de um episódio depressivo. Nessas situações, espera-se que os sintomas apresentados remitam em até dois meses após a perda. No entanto, o luto pode ser desencadeador de um episódio depressivo em portadores de transtorno de humor. A diferenciação entre luto e transtorno depressivo deve ser feita nestes casos e naqueles em que os sintomas típicos do luto se prolonguem para além do esperado. A presença de ideação de culpa e inutilidade, pensamentos recorrentes de morte, lentificação psicomotora e prejuízo funcional podem apontar para a presença de um transtorno depressivo. Confirmando-se um episódio depressivo, o tratamento segue o padrão daquele para quadros depressivos não associados ao luto.

6. Transtorno depressivo com padrão sazonal
Pacientes com padrão sazonal experimentam episódios depressivos em uma determinada época do ano, habitualmente no inverno. Estudos sugerem disfunções cerebrais distintas dos demais quadros depressivos. De modo interessante, os sintomas podem ser tratados eficazmente com fototerapia específica (A fototerapia é um dos diversos recursos da Fisioterapia no tratamento e cura de diversas patologias). A abordagem terapêutica também pode ser realizada com o uso de antidepressivos convencionais.

7. Depressão na infância e adolescência
As características específicas de depressão em crianças e adolescentes podem dificultar o diagnóstico. Sabe-se que o humor tende a ser mais irritável do que deprimido, queixas somáticas são freqüentes, abuso de substâncias ilícitas e condutas anti-sociais também podem ocorrer mais comumente. Dificuldades escolares e de sociabilização são sugestivos de alterações de humor nesta faixa etária. Psicoeducação familiar é essencial para o sucesso do tratamento. O uso de medicações deve ser feito sempre que necessário, em doses adequadas para esta população, e a associação de psicoterapia mais diretiva é recomendada na maioria dos casos.

8. Depressão no ciclo de vida da mulher
As mulheres, depois da puberdade, apresentam risco maior de desenvolver transtornos depressivos quando comparadas aos homens, atingindo prevalência duas vezes maior que para os homens na idade adulta. Esta diferença sugere a participação de fatores psicossociais e biológicos associados ao sexo feminino. As alterações hormonais que ocorrem durante os ciclos reprodutivos da mulher – ovulação, gestação, puerpério e climatério – têm repercussão sobre a ação dos neurotransmissores, podendo responder em parte pelas alterações de humor associadas a esses ciclos. Durante a gestação cerca de 20% das mulheres apresentam sintomas depressivos e em torno de 10% delas desenvolvem transtorno depressivo. Alguns fatores se associam a um maior risco: conflitos conjugais, idade jovem, suporte social inadequado e história prévia de quadros depressivos.
A depressão pós-parto acomete cerca de 10% das puérperas, embora um número bem maior sofra com sintomas depressivos leves, denominado blues, que remitem espontaneamente na primeira semana após o parto. Em um terço das mulheres que desenvolve depressão pós-parto, sintomas ansiosos se manifestam com intensidade significativa, podendo ocorrer crises de pânico e pensamentos intrusivos associados ao medo de machucar o filho recém-nascido. Em alguns casos, sintomas psicóticos também podem aparecer, com risco de graves repercussões sobre o desenvolvimento da criança. A decisão pelo tratamento farmacológico nestes casos deve ser tomada considerando-se os riscos e benefícios associados ao transtorno e aos antidepressivos juntamente com a paciente e seu cônjuge. O uso de antidepressivos se configura sempre como uma questão dilemática durante a gestação e a amamentação.

9. Depressão em idosos
Com o aumento da expectativa de vida, a Organização Mundial da Saúde estima que em 25 anos pessoas com idade superior a 65 anos corresponderão a 10% da população mundial. Atualmente, estudos epidemiológicos têm mostrado uma prevalência de sintomas depressivos em torno de 15% nesta faixa etária. A depressão em idosos é vista muitas vezes como algo normal. Tende-se a justificar os sintomas como próprios da idade, decorrentes dos problemas sofridos durante a vida, associados às limitações físicas ligadas ao envelhecimento ou a doenças clínicas comórbidas. Falta de prazer, ideações de culpa, inutilidade, desesperança ou de morte são características mais específicas associadas à depressão, cuja investigação deve ser sempre realizada. O diagnóstico correto e o tratamento dos transtornos depressivos nesta população são necessários, uma vez que comprometem intensamente a qualidade de vida dos pacientes e aumentam sua morbimortalidade (impacto das doenças e dos óbitos que incidem em uma população).

10. Depressão em doenças crônicas
Em portadores de doenças clínicas crônicas, transtornos depressivos podem estar presentes de modo independente da doença clínica, ser decorrentes dela ou, ainda, causar ou exacerbar sintomas físicos (fadiga, mal-estar, dor, energia). Desse modo, todo o paciente portador de doença crônica deve ser investigado quanto à possível presença de transtornos depressivos que, quando presentes, deverão ser tratados. Questionar ativamente os pacientes sobre seu estado de humor e motivação para atividades consideradas prazerosas pelo indivíduo podem auxiliar os clínicos a aprimorar o diagnóstico de depressão.

Tratamento clínico
Os pacientes devem ser orientados quanto à natureza médica da depressão, sobre as possibilidades de tratamento e os aspectos envolvidos, como tempo de latência para início da resposta, possíveis efeitos colaterais e sua remissão após as primeiras semanas de uso, bem como sobre os riscos da ausência de tratamento. As informações passadas ao paciente melhoram a aderência e ajudam a suportar o período inicial de tratamento até que os benefícios apareçam. Recomenda-se que ao realizar o diagnóstico de um episódio depressivo, o clínico investigue sintomas relacionados ao pólo maníaco do humor e a presença de uso abusivo/dependência a substâncias, bastante freqüente nos quadros de alteração de humor. A condução do tratamento de portadores de transtorno bipolar deve ser feita por psiquiatras, já que esses pacientes necessitam de abordagens farmacológicas e psicoterápicas específicas.

 
Síndrome de descontinuação de antidepressivos
Sintomas relacionados à descontinuação ocorrem com freqüência para todas as classes de antidepressivos, especialmente quando ocorrer interrupção abrupta e com doses altas das medicações.

Os sintomas mais comumente apresentados pelos pacientes são náusea, tontura, cefaléia e letargia. Podem ocorrer também insônia, inquietação, parestesias, ansiedade, com crises semelhantes a pânico. Dentre os antidepressivos, a paroxetina e a venlafaxina em sua formulação de liberação rápida respondem pela maior taxa destes sintomas, em razão da meia-vida relativamente mais curta. Nestes casos, a retirada da medicação deve ser profilaticamente realizada mais lentamente. A resolução dos sintomas ocorre em tempo variável, não excedendo, no entanto, três semanas. Em caso de reintrodução da medicação, os sintomas desaparecem nas primeiras 24 horas.

Psicoterapia
A indicação de psicoterapia dependerá de cada caso
. Na literatura se descreve que a associação de tratamento farmacológico e psicoterápico apresenta efeitos melhores no tratamento dos transtornos depressivos que ambas as intervenções isoladas. Deve-se avaliar juntamente com o paciente, possíveis conflitos pessoais e interpessoais que possam prejudicar a recuperação ou representar fatores de suscetibilidade para a recorrência dos sintomas depressivos. Contudo, as demandas individuais e a adaptação da orientação psicoterápica às expectativas do paciente devem ser consideradas.

Prognóstico
O tratamento dos transtornos depressivos é bem-sucedido na maioria dos casos. O sucesso, no entanto, dependerá do diagnóstico correto e do uso adequado das medicações disponíveis.
Estima-se que 30% a 45% dos pacientes tratados por depressão maior apresentam resposta inadequada ao tratamento inicial e até 15% dos pacientes se mostram resistentes ou mesmo refratários ao tratamento farmacológico. Sintomas residuais são também muito comuns, deixando o indivíduo vulnerável para a recorrência do quadro.

A presença de comorbidades psiquiátricas ou de transtornos de personalidade podem contribuir para a refratariedade de alguns casos. Em casos de ausência completa de resposta ou resposta parcial a vários antidepressivos é aconselhável o encaminhamento para um psiquiatra.
Quanto maior a freqüência de episódios apresentados pelo paciente maior o risco de um novo episódio futuro. Anualmente, cerca de 5% a 10% dos pacientes em uso de antidepressivos apresentam recorrência dos sintomas e aproximadamente 80% das pessoas que experimentam um episódio depressivo terão novos episódios ao longo da vida. Nos casos recorrentes, indica-se a manutenção do uso de antidepressivos como estratégia profilática. A importância da prevenção nestes casos se deve aos elevados custos associados aos sintomas, não apenas econômicos, mas principalmente os relacionados à qualidade de vida dos pacientes.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Timidez é doença?

Quem já não se sentiu constrangido ao falar em público, ao manter uma conversa com uma pessoa que não tenha intimidade, ou até numa situação de paquera? Se com o tempo você se torna mais confortável com a situação, você é apenas tímido. Caso o desconforto seja persistente, acompanhado de um intenso medo de criticas ou de sentir-se ridicularizado, e você passa a evitar essa situação desconfortável, você sofre de Fobia Social. Entre 10% e 15% da população sofre desse mal. A doença pode começar na Infância e persistir até a vida adulta.

Na Infância podemos identificar, por exemplo, naquela criança que quando chega um adulto  se esconde atrás da perna da mãe e não se solta com o tempo. Na apresentação da escola não vai ao palco, mesmo depois de ter ido em todos os ensaios e ter falado em casa durante um mês sobre a apresentação. É aquela criança que não consegue ficar na hora do parabéns, no seu próprio aniversário, mesmo sendo a festa dos seus sonhos. Não se acostuma com o tio animador do hotel, mesmo após alguns dias de contato, a não ser que a mãe ou o pai fique junto.

Na adolescência e na vida adulta, os exemplos mais comuns de situações em que os fóbicos sociais se sentem desconfortáveis são listadas abaixo. Os fóbicos sociais tendem a evitar essas situações, perdendo oportunidades na vida ou até passando por antipáticos.

  • Falar em público, às vezes até em pequenos grupos, como falar numa reunião do trabalho ou num seminário da faculdade.
  • Em situação de paqueras. Só vão quando praticamente sabem que a resposta será um sim (todos os amigos comentaram que ele ou ela estavam querendo o contato).
  • Manter uma conversa com pessoas pouco conhecidas. Já está falando num assunto apavorado, e quando termina, não sabe lidar com aquele silêncio, ou mesmo o que fazer com as mãos.
  • Falar com pessoas com nível hierárquico maior.
  • Expressar desacordo ou dizer não a um pedido.
  • Dar e receber parabéns nos aniversários e ocasiões especiais.
  • Dificuldade em marcar um encontro.
  • Urinar em banheiro público (principalmente nos homens).
  • Comer em público.
  • Telefonar para quem não tem intimidade, naturalmente evita o telefone.
  • Chegar sozinho numa festa ou restaurante.
  • Escrever ou assinar o nome quando observado.
  • Dificuldade de perguntar sobre ou trocar uma mercadoria no shopping.
  • Ser o centro das atenções.
Quando adolescentes ou jovens os fóbicos sociais, na tentativa de minimizar esse problema, podem recorrer ao uso de álcool ou drogas. São jovens que apenas conseguem paquerar, dançar e ser comunicativos nos grupos estando “alto”, ou seja, sob efeito do álcool ou droga. Por não procurar tratamento para a Fobia Social, chega ao consultório com queixa relacionada a dependência química (álcool ou droga).
Quando adultos, eles perdem oportunidades de bons empregos ou promoções por não conseguir expressar suas idéias ou conhecimentos, e por não ser sociável.


Quando adultos, eles perdem oportunidades de bons empregos ou promoções por não conseguir expressar suas idéias ou conhecimentos, e por não ser sociável.

Em qualquer faixa etária, quando exposto à situação de exposição social, pode apresentar sintomas como taquicardia, tremor, voz trêmula, rubor nas bochechas, sudorese, mãos geladas, ondas de calor, tonteiras, gagueira, urgência para urinar, falha na memória (“deu branco”) e muita angústia.

Caso não busque tratamento o indivíduo evita a situação de desconforto e normalmente passa a apresentar sintomas de depressão. O tratamento da  Fobia Social consiste no uso de medicamentos (geralmente antidepressivos)  e psicoterapia.

É importante procurar auxílio profissional, caso contrário a vida do fóbico social será limitada por essa doença.   


Vídeo-Entrevista na TV: COMO VENCER A TIMIDEZ



http://www.youtube.com/watch?v=r1PDei44PVc

domingo, 21 de agosto de 2011

Ansiedade e Pânico - Entenda como funciona estes transtornos

Em julho/2011 o psicólogo Artur Scarpato participou do programa Alternativa Saúde no canal GNT falando sobre Ansiedade e Transtorno do Pânico. O programa foi ao ar em diversos horários e o feedback recebido dos telespectadores foi excelente. Assista o Vídeo (logo abaixo o texto) e veja os melhores momentos do programa.

A ansiedade deriva de um sentimento de vulnerabilidade. Estar ansioso indica que me sinto sob alguma ameaça. O perigo/ameaça pode vir de dentro ou de fora de mim, pode ser um estado interno que eu não dou conta ou uma situação que oferece alguma ameaça para mim.

No estado de ansiedade este perigo é indefinido, mas vai ganhando contornos visíveis na consciência e vai virando medo: medo de morrer, medo de ter uma doença grave, medo de passar mal, etc. A ansiedade– emoção indefinida - tende a virar medo – emoção definida. Há uma antítese entre confiança e controle. Quanto menor a confiança maior a busca de controle. Quanto maior a tentativa de controle, menor o sentimento de segurança e confiança.

O problema é que a atitude controladora vai levando a uma insegurança cada vez maior, pois as coisas, tanto de fora como de dentro de nós, sempre teimam em escapar ao controle. Quando percebemos já estamos reagindo a algo, nosso corpo já se apresenta agitado, o medo já está agindo dentro de nós, a emoção já se instalou. E o mesmo acontece com as preocupações, os pensamentos ruminativos, as lembranças intrusivas… como temos pouco controle de nós mesmos.

O eu, o ego é só uma película que fica entre um mundo grande fora de nós e um mundo grande dentro de nós. Nesta película está nossa pequena consciência, da qual temos um controle só parcial e num território menor ainda está aquilo que podemos controlar. O caminho não está em aumentar o controle, mas em buscar diálogos e harmonia, harmonia com o mundo externo e harmonia com o mundo interno.

Assim frente a ansiedade, uma emoção que sinaliza que nos sentimos vulneráveis, precisamos (1) observar e aceitar a emoção e (2) buscar as razões e disparadores desta emoção-sinal.

O que está nos ameaçando? Uma ameaça real? Uma avaliação equivocada de nossa capacidade de lidar? Uma catastrofização que exagera a avaliação negativa das conseqüências de um evento? A repetição de um trauma que não nos abandona?

Aceitar a ansiedade e rever seus disparadores vai permitindo que ela vá se assentando em dimensões menos sofridas, vai nos harmonizando com os mundos de fora e de dentro, vai potencializando a confiança e diminuindo a atitude de controle.

A pessoa com Transtorno de Pânico geralmente passa o dia num estado de ansiedade razoável. O nível de ansiedade pode variar ao longo do dia, mas está sempre lá, causando desconforto, apreensão e expectativa que algo ruim possa acontecer.
O padrão emocional da pessoa é como um copo de água que está quase cheio, onde falta muito pouco para transbordar. É só entrar um pouco de água – no caso, preocupação mental, excitação fisiológica ou emocional – e o copo transborda, levando a uma crise de pânico. A pessoa vive num estado pré-crise, com um nível basal de ansiedade alto, com pensamentos negativos, alerta mental, respiração curta, etc.

Precisamos trabalhar para diminuir o nível da água do copo,desorganizar o padrão de ansiedade, pois assim a pessoa se torna menos vulnerável a ter novas crises. O foco não deve ser só no controle das crises, mas em trabalhar sistematicamente para regular o nível de ansiedade basal que deixa a pessoa predisposta a inundações, a ter novas crises de pânico.


http://www.youtube.com/watch?v=Xzy8nooTQME




Amadurecimento Psicológico


O relacionamento interpessoal revela o comportamento dos indivíduos em função de si e dos outros. Nos primeiros tentames (tentativas, ensaios), oculta a realidade, na grande preocupação da aparência. À medida que estreita os vínculos, a postura de guarda, cede lugar ao relaxamento emocional, e, pouco a pouco, “a máscara cai”. Esse fenômeno é resultado da aproximação que o tempo proporciona à relação.

Nas pessoas realizadas, saudáveis, a conduta permanece sem surpresas, porque há uma interação da sua vivência interior com a exterior, verdadeiro amadurecimento psicológico. Após o auto-conhecimento, que propicia a auto-aceitação, explora-se o exterior, abrindo-se a experiências, a vivências novas e enriquecedoras. A linha do equilíbrio demarca a personalidade, sem excentricidades nem bruscas mudanças como ocorre entre a exaltação e a depressão. Quem assim age, encontra-se plenificado (tornar pleno, preencher), irradiando esse estado de conquista como pessoa humana.

No comportamento alternado, em que o júbilo e a tristeza, a confiança e a suspeita, o amor e a animosidade se confundem, o auto-descobrimento, a imaturidade programam estados de instabilidade, de desdita, conduzindo a enfermidades emocionais que são somatizadas, reaparecendo na área orgânica com caráter destruidor.

Tais reflexos, no relacionamento, geram desequilíbrios que se agravam, na razão direta que se fazem desastrosos, empurrando suas vítimas para estados obsessivos-compulsivos ou depressivos. Na tua ânsia de crescimento experimenta a tua realidade íntima em confronto com a externa.

Não te permitas perturbar pelos indivíduos reagentes, que se encontram de mal com eles próprios e vomitam mau humor contra os demais. Permanece cortês, para que não seja o seu estado bilioso a dizer como te comportares. Por tua vez, não te transformes em personalidade reativa, aquela que está sempre reagindo, quando poderia e deveria agir.

A tua ação e reação traduzem como és interiormente, bem como sentes e vês em realidade o que se passa em teu mundo íntimo. Assim, não desperdices energias mascarando-te...antes aplica-as em contínuo trabalho de auto-aprimoramento, de crescimento interior até exteriorizares as conquistas em simpatia, cordialidade e amor.

Qualquer pretensão de modificar o mundo e fazê-lo girar como te aprouver é alucinação. Porém, se te dedicares à transformação íntima, que reflita em alteração de outros comportamentos para melhor, lograrás alcançar a verdadeira meta do amadurecimento psicológico.

Com esse aprofundamento no eu espiritual, a saúde plena será tua amiga na grande proposta que te leva em busca de realização pessoal e humana.


Do Livro – Momentos de Saúde – Joana de Ângelis

sábado, 20 de agosto de 2011

Problemas de Relacionamento – O que há de errado comigo?




É com frequência que recebo em meu consultório pacientes que se queixam dos seus relacionamentos porque estes invariavelmente não dão certo.  Geralmente os/as pacientes chegam tristes, sentindo-se frustrados/as e insatisfeitos/as porque carregam boa dose de culpa acreditando serem eles/as próprios/as, causadores das discórdias, brigas, discussões e infelicidade geradas no relacionamento.
 
É muito comum ouvir queixas e indagações, tais como:

Por que não me acerto com ninguém?
O que será que há de errado comigo?
Toda vez que inicio um relacionamento, algo dá errado e terminamos!
Sinto que o relacionamento está indo de mal a pior, mas insisto em continuar!
Porque não consigo terminar o relacionamento, se ele só me faz sofrer?
Por que sempre saio de um relacionamento destrutivo, para entrar em outro pior?
Porque permito que o outro me desvalorize, me humilhe e me trate com estupidez, agressividade e egoísmo, e ainda assim, continuo mantendo essa relação?
Será que sou eu que atraio pessoas destrutivas para a minha vida?
Por que tenho tanta dificuldade de me entregar, confiar e me deixar envolver com outra pessoa?
Por que tenho medo de me apaixonar?

Dos variados problemas que afetam a vida conjugal, destaca-se, neste artigo, a precariedade do vínculo afetivo. Ele nasce na formação da personalidade, na infância. Caso a pessoa não tenha formado um grau satisfatório de vínculo, encontrará dificuldades posteriormente nas relações que mantiver. Por força do encanto exercido no período de namoro entre duas pessoas, vários comportamentos ficam ocultos. Na rotina do relacionamento eles emergem, incluindo a dificuldade de manter o vínculo afetivo, causando a Síndrome do Comportamento de Hospedagem. Ela vai distanciando o casal através de comportamentos independentes ao extremo. A pessoa exerce os papéis cotidianos normalmente, todavia, demonstra frieza e comporta-se como um hóspede dentro de casa.

Neste caso, especificamente, a precariedade vincular é a causadora deste comportamento, visto ser difícil para o seu portador manter um contato afetivo que ele próprio não pode oferecer. A tendência da síndrome é gerar um conflito pessoal e, conseqüentemente, no casal, que pode acabar se separando. A conversa conjugal é capaz de abrir a primeira porta para a identificação desta síndrome, bem como, buscar ajuda especializada, objetivando a melhora pessoal e uma vida conjugal qualitativa com psicoterapia.

Quando as dificuldades no relacionamento humano são percebidas, um termo usual para definir estas circunstâncias é a “incompatibilidade de gênios”. Segundo Michaelis (2000) o termo incompatibilidade quer dizer: Qualidade de incompatível, que, a seu turno é: Que não pode existir juntamente com outro ou outrem. Ainda, que não pode harmonizar-se. E, gênio, significa: Espírito benigno ou maligno que acompanha a pessoa desde o nascimento até a morte. Ou, modo de ser de cada pessoa.

Muitos tentam explicar a causa de seus relacionamentos amorosos desafortunados ao binômio sorte e azar atribuindo desta forma sua origem a um fator casualístico e não casualístico. Ignoram, portanto, a lei da causalidade, isto é, de que tudo na vida segue o princípio de causa e efeito. Por outro lado, no meu entender, um relacionamento amoroso é satisfatório quando há uma reciprocidade de afeto, interesses, compromisso e alegria na existência do outro. Em outras palavras, aqueles que têm um bom relacionamento amoroso se sentem alegres e reconfortados de terem um parceiro(a) em quem podem confiar bem como compartilhar a sua vida.

Desta forma, é preciso sair da superficialidade e irmos mais a fundo para entendermos o que infelicita as pessoas nos seus relacionamentos amorosos. Eu costumo esclarecer meus pacientes que os relacionamentos humanos existem para propiciar mudanças internas, ou seja, mudar os padrões de pensamento, os sentimentos e as atitudes inadequados e que o sofrimento é fruto do quanto teimamos em não aprender as nossas respectivas lições, ou seja, em não querermos enxergar aquilo que precisamos transformar internamente.

Uma dica que pode ajudar a acontecer a transformação interna que precisamos é:

Ame à você mesmo da mesma maneira que você quer que outros te amem. O mais importante relacionamento amoroso de toda a nossa vida é aquele que temos conosco. Raramente damos a atenção ao que realmente interessa: nós mesmos. Qualquer relacionamento que temos em nossa vida, tais como: no trabalho, com os filhos, irmãos, amigos, etc é apenas um reflexo, de como tratamos a nós mesmos. Por esta razão (e também porque é bom), trate-se com respeito, com carinho...Respeite seus limites, cuide de sua aparência e do seu corpo, usufrua das belas coisas que a natureza te oferece, valorize sua imagem, seu corpo, suas conquistas e se trate como um adulto amoroso e tolerante...Tenha paciência consigo, não valorize teorias que não tem fundamento, que são frutos da sua imaginação ou fantasias da sua cabeça. Procure ter atitudes e pensamentos edificantes e substitua qualquer pensamento, hábito ou comportamento que te cause desconforto. Use a inteligência que Deus te deu, a seu favor e não contra você.

Exercitando tais mudanças e sendo mais vigilante com suas atitudes e hábitos, aos poucos irá perceber a transformação que há muito estava aprisionada dentro de ti.
Acredite, tudo o que você quer, você pode!

Falta-nos o amor-próprio suficiente para nos não importarmos com o desprezo dos outros.

O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Entenda o que é Autoestima e como você pode agir para mantê-la em alta!


Em Psicologia,  autoestima inclui a avaliação subjetiva que uma pessoa faz de si mesma como sendo intrinsecamente positiva ou negativa em algum grau (Sedikides & Gregg, 2003). A autoestima envolve tanto crenças autossignificantes, como por exemplo, "Eu sou competente/incompetente" ou, "Eu sou benquisto/malquisto", e emoções autossignificantes associadas, por exemplo, triunfo/desespero, orgulho/vergonha. Também encontra expressão no comportamento, exemplo: assertividade/temeridade, confiança/cautela.

Em acréscimo, a autoestima pode ser construída como uma característica permanente de personalidade (traço de autoestima) ou como uma condição psicológica temporária (estado de autoestima). Finalmente, a autoestima pode ser específica de uma dimensão particular, como por exemplo, "Acredito que sou um bom escritor e estou muito orgulhoso disso", ou de extensão global: "Acredito que sou uma boa pessoa, e sinto-me orgulhoso quanto a mim no geral".

Em outras palavras, é a capacidade que uma pessoa tem de amar e confiar em si própria, de se sentir produtiva e forte o bastante para poder enfrentar os desafios da vida, bem como expressar com clareza, suas necessidades e desejos, defender seus direitos, fazer suas escolhas, opinar, sugerir,  e se colocar, de forma adequada e sem medo de ser julgada, criticada ou mal interpretada.

Em suma, é saber que você tem o direito e merece mesmo ser feliz, e para ser feliz, sua autoestima deve estar num bom nível, quanto alto, melhor. A baixa autoestima gera ansiedade, medo, depressão, fobias, entre outros problemas! 

As pessoas costumam confundir autoestima com egoísmo, o que é um equívoco, pois uma pessoa com autoestima em equilíbrio, nunca poderá ser egoísta...Ao contrário! Aquele que ama a si próprio respeita-se e, automaticamente, respeita os outros e jamais desejará prejudicá-los.
 
A pessoa egoísta possui o hábito ou a atitude de colocar seus interesses, opiniões, desejos, necessidades em primeiro lugar, em detrimento (ou não) do ambiente e das demais pessoas com que se relaciona, ou seja, ela pensa em si próprio, sem se importar com o outro.

E quais as características  e traços das pessoas com baixa autoestima?

ü      Em sua grande maioria, são pessoas que possuem tendências perfeccionistas e que precisam se sentir no controle de tudo o que acontece a sua volta, o que provoca altos níveis de estresse.
ü      Geralmente, culpam os outros pelos seus fracassos e problemas, se colocando como vitimas da situação.
ü      Tendem a ser reticentes e reativos a qualquer pessoa que represente uma ameaça.
ü      São sempre muito temerosos e evitam correr riscos e enfrentar desafios.
ü      Têm dificuldade de olhar nos olhos das pessoas, quando falam, desviando o olhar para outro foco.
ü      Dificuldade de manter a concentração e a atenção por muito tempo.
ü      Pouca habilidade para traças metas e objetivos bem definidos.
ü      Não conseguem planejar, nem mesmo como será o seu dia
ü      São geralmente pessimistas e negativos diante da vida
ü      São pessoas que freqüentemente estão infelizes em seus relacionamentos
ü      Estão geralmente em conflito com sua forma física (ganhando ou perdendo peso)
ü      Preocupam-se demasiadamente com as críticas e comentários dos outros a seu respeito.

ü      Preocuparem-se demasiadamente com o que o outro pensa em relação a si própria, temendo ser julgada e mal compreendida. 

ü      Evitam se expor, emitir suas opiniões, gostos, valores, pensamentos e sentimentos e emoções, fechando-se como uma ostra.
Na intenção de mostrar que é forte, segura e bem resolvida, “mente para si mesma”, escondendo suas fraquezas e conflitos.

E qual motivo, levaria uma pessoa a manter tais comportamentos e viver num estado de baixa autoestima?

Não existe comportamento sem uma motivação ou objetivo: todo comportamento tem um propósito. Pode ser um modo de chamar a atenção para nós mesmos, ou dar a si mesmo(a) uma desculpa para o seu próprio fracasso, por exemplo.
 
E se você quer parar de sofrer, está na hora de começar a mudar...Nunca é tarde para isso!
 
E por onde você vai começar?

Primeiro, comece com você, não importa se será de dentro para fora ou de fora para dentro, o que importa é que você deve reconstruir sua vida e construir o seu amor-próprio.
 
Se você acha que essa atitude é difícil ou mesmo “impossível”, de ser colocada em prática, sozinho, busque ajuda profissional adequada!
 
Quanto mais cedo iniciar o processo de mudança, mais rápido você irá perceber a transformação e adquirir confiança em si próprio.

Procure ser verdadeiro com você , pare de se sabotar, de se auto-flagelar e lute para melhorar seu auto conceito, auto aceitação, auto conhecimento e sua auto-estima.

Conceito de autoestima
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