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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Depressão não é frescura é coisa séria!

Estima-se que 15 a 20% da população adulta, em algum momento de suas vidas, apresentam sintomatologias depressivas, sendo as mulheres acometidas duas vezes mais, em relação aos homens. Até 2020, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo, diz OMS (Organização Mundial da Saúde). Isso significa que quem sofre de depressão tem a sua rotina “virada do avesso”, deixa de produzir e tem a sua vida pessoal bastante prejudicada. Atualmente, mais de 120 milhões de pessoas sofrem com depressão no mundo, sendo que só no Brasil, são 17 milhões. Cerca de 850 mil pessoas morrem, por ano, em decorrência da doença. Esse Transtorno ainda enfrenta preconceito, apesar de afetar mais de 120 milhões de pessoas.

A depressão é um mal silencioso e ainda, mal compreendido, até mesmo entre os próprios pacientes e familiares. Ela chega de mansinho, “assim como quem não quer nada”. Num dia a pessoa acorda triste, desanimada. No outro, bate uma sensação de vazio e uma vontade incontrolável de chorar, sem qualquer motivo aparente.

É considerada uma doença de causa multifatorial, envolvendo fatores biológicos (neurotransmissores), históricos (depressão e alcoolismo na família), ambientais (situações de conflito, apoio social deficiente, choque emocional) e psicológicos.

Considerada um transtorno mental afetivo, ou uma doença psiquiátrica, a depressão caracteriza-se por um quadro de tristeza, constante, choros periódicos, com sentimentos de culpa e decepção consigo e com os demais, que incapacitam o indivíduo para as atividades corriqueiras, como trabalhar, estudar, cuidar da família, passear e ter momentos de laser e descontração. Ela pode evoluir com manifestação de irritação, tensão e ansiedade. Em estágio mais elevado, impossibilita o indivíduo de realizar suas atividades diárias, pois há um desinteresse visível e falta de energia.

Outros sintomas incluem a baixa concentração, insônia, falta de apetite, apatia sexual, sentimento de desesperança, fracasso e pensamento em suicídio. Este quadro pode regredir em um espaço de 03 a 06 meses, mesmo sem nenhuma forma de tratamento, porém, com freqüência, há casos de recaídas entre 15 a 20% dos deprimidos, caracterizados como crônicos.

Em casos graves, com ideação suicida, a internação é uma medida necessária.

Conceituando depressão

O prof. Giovanni B. Cassano , MD e Chefe do Departamento de Psiquiatria, Neurobiologia, Farmacologia e Biotecnologia, da Universidade de Pisa, na Itália, com um histórico de quase quarenta anos de investigação empírica de transtornos de humor, afirma que:

“Quem está deprimido perde o apetite, reduz a alimentação, emagrece, tem insônias e os sofrimentos melancólicos agoniza-se nas primeiras horas da manhã para atenuar-se à tarde.
O humor é triste, a até abatido; o sentimento de impotência e de desespero não é influenciado pelos acontecimentos, mesmo quando são favoráveis. Diminui o impulso para procurar qualquer gênero de prazer e desaparece o desejo de experiências, anteriormente apreciadas com agrado. Compromete-se a capacidade de usufruir daqueles acontecimentos  que eram fonte de satisfação. O deprimido vê anular-se a capacidade de gozar algum prazer: assim, bloqueia-se uma das molas especiais que impelem para a ação; a existência esvazia-se de todo o significado“.

O escritor e professor de psiquiatria Andrew Solomon, descreve a depressão da seguinte maneira:

"A depressão é a solidão dentro de nós que se torna manifesta, e destrói não só a conexão com outros, mas também a capacidade de estar apaziguadamente apenas consigo mesmo"

(Andrew Solomon é um escritor (escreve sobre política, cultura e psiquiatria). Entre suas publicações, escreveu também sobre depressão. Em 2008, ele foi agraciado com o Prêmio Humanitário da Sociedade de Psiquiatria Biológica por suas contribuições ao campo da saúde mental. Ele tem um compromisso pessoal como professor de psiquiatria da Weill Cornell Medical College of Cornell University. Seu livro mais recente, The Demon Noonday: Um Atlas de depressão).

Descrita pela primeira vez no início do século 20, a depressão ainda hoje é confundida com tristeza, sentimento comum a todas as pessoas em algum momento da vida. Brigar com o namorado, repetir o ano escolar, perder o emprego, entre outros exemplos, são motivos para deixar alguém triste, cabisbaixo. Isso não significa, porém, que o sujeito está com depressão. Em alguns dias, ele, certamente, vai estar melhor. O desconhecimento real do funcionamento desse transtorno afetivo é o principal responsável por um dos maiores problemas para quem sofre com a depressão: o preconceito.

Para o Psiquiatra Marcos Pacheco Ferraz, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) ele, o preconceito, ainda existe e prejudica muito o paciente, principalmente no ambiente de trabalho, onde há competições e cobranças por bom desempenho. “É comum as pessoas nem comentarem sobre a enfermidade. Nesses casos, o melhor é tirar férias ou licença médica”.

E não é só isso. A ignorância em torno da doença faz com que familiares e amigos, na tentativa de ajudar, piorem ainda mais a condição do depressivo. Frases como "tenha um pouco de força de vontade", "vamos passear no shopping que melhora", "você tem uma vida tão boa, tá com depressão por que?" e "se ocupe com outras coisas que você não terá tempo de pensar em bobagens", funcionam como uma bomba na cabeça de quem já se esforça, diariamente, para conseguir sair da cama. Isso mostra que as pessoas não conhecem o transtorno.

Achar que é frescura ainda é comum. Elas não imaginam que o paciente não consegue reagir. Não depende de força de vontade.

Dr. Marcos P. Ferraz enfatiza que é muito importante a participação da família no tratamento. “Eles precisam saber o que devem e o que não devem fazer em relação ao doente”. Para ele, "fazer com que todos entendam o mecanismo do transtorno e como agem os remédios (medicamentos antidepressivos, ansiolíticos, etc), é fundamental para o sucesso do tratamento. Ainda existe o mito de que antidepressivo vicia, o que é um grande engano."

Critérios para o Diagnóstico da Depressão (segundo o DSM)

Para caracterizar o diagnóstico de depressão, foi criada uma tabela (vide abaixo).

Nela, cinco ou mais dos sintomas relacionados devem estar presentes. Dentre eles, um é obrigatório: estado deprimido ou falta de motivação para as tarefas diárias, há pelo menos duas semanas.

Estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo;
Anedonia: interesse diminuído ou perda da capacidade de sentir prazer para realizar as atividades de rotina;
Sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
Dificuldades de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
Fadiga ou perda de energia:  incapacidade de continuar funcionando ao nível normal da capacidade pessoal;
Distúrbios do sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
Problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor; perda ou ganho excessivo de peso, na ausência de regime alimentar;
Idéias recorrentes de morte e suicídio.

De acordo com o numero de itens respondidos afirmativamente, o estado depressivo pode ser classificado em três grupos:

Depressão menor: dois a quatro sintomas por duas ou mais semanas, incluindo estado deprimido ou anedonia;
Distimia: três ou  quatro  sintomas, incluindo estado deprimido, durante dois anos, no mínimo;
Depressão maior: cinco ou mais sintomas por duas semanas ou mais, incluindo estado deprimido ou anedonia.

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“Não dependa de ninguém na sua vida, só de Deus, pois até mesmo sua sombra o abandonará quando você estiver na escuridão.”

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