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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Razão e Emoção na dose certa


De tudo o que já passei na vida,
e olha que não foi pouco, apesar da pouca idade.
Enfrentei cada situação com uma reação,
em alguns casos, com muita “razão”,
e em outros, excessiva emoção.
 Parece que só o tempo traz esse amadurecimento.
E até hoje, sigo buscando o equilíbrio,
entre o “adolescente” que vê tragédia em tudo,
e o “adulto” que se julga conhecedor do mundo.
Sempre tento trazer para a minha vida,
a criança que ainda existe dentro de mim,
e que se esconde de vergonha de se exibir.
 Somos assim, meio tolos, fingindo ser o que gostaríamos de ser,
vestindo sapatos apertados, joias horrorosas,
perfumes que estão na moda e entopem o nariz.
Moramos bem, mas sempre queremos um quarto a mais.
Se amamos, queremos declarações a todo o momento.
Se um relacionamento termina, achamos que é o fim do mundo.
Que “nunca mais” teremos alguém assim,
apesar de saber que essa última pessoa, nem era assim “uma Brastemp”.

E o tempo vai passando, a vida vai acertando os passos,
e os que conseguem vencer a barreira da idade,
buscam o sossego de um ombro amigo,
o encanto de palavras gentis,
amigos para um jogo de cartas, uma viagem.
Descobrimos a felicidade como ela é:
simples, sem muitos adereços, sem frescura.
 Se você quer seguir sem muitos sustos pela vida,
equilibre-se com a criança que habita em você,
deixando escapar de vez em quando o eterno adolescente que grita,
e colocando o adulto que você se transformou, como um observador.
E assim, usando a razão dosada com emoção,
possamos ser melhores do que fomos ontem,
neste dia que convida para a vida.
 Seja feliz!

"Deixa partir o que não te pertence mais, deixa seguir o que não poderá voltar, deixa morrer o que a vida já despediu... O que foi já não serve é passado, e o futuro ainda está do outro lado, e o presente é o presente que o tempo quer te entregar..." (Pe. Fábio de Melo)

Por Paulo Roberto Gaefke

domingo, 26 de agosto de 2012

Sexualidade - autoestima, autoimagem e autoconceito

 
   





"O prazer dissociado de um sentido da vida reduz-se a uma mera satisfação ou contentamento. É um analgésico da felicidade: alivia, mas não cura." (Miguel Poiares Maduro) 



"sexualidade só é atraente quando natural e espontânea." (Marilyn Monroe)


 “A capacidade de entrega requer concentração nas sensações de prazer. Os que não se entregam são orgasticamente perturbados”. (Wilhelm Reich)



A preocupação com a satisfação e o prazer sexual de homens e mulheres tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Em decorrência disso, tem aumentado a necessidade de se compreender melhor as dificuldades sexuais, suas causas e consequências. Sabemos que a sexualidade é parte integrante da personalidade total das pessoas. A sexualidade humana não se limita ao ato sexual; ela engloba emoções, afetos, sensações, etc. Dessa forma, sentimentos e pensamentos influenciam o exercício da sexualidade. O contrário também ocorre, ou seja, a vivência da sexualidade irá influenciar sentimentos e pensamentos, inclusive a respeito de si mesmo.



O conceito de autoestima pode ser compreendido como a aceitação do que se é e como se é. É a confiança no direito de ser feliz, a percepção de valor e de poder ser admirado. A sensação de inadequação, de culpa ou vergonha, ou ainda a ausência de confiança e amor-próprio, indicam prejuízo na autoestima de um indivíduo. É consenso entre os profissionais da saúde, que a sexualidade humana sofre forte influência de fatores como autoestima, auto-imagem e auto-conceito. A forma como a pessoa se valoriza interfere, sem dúvida, em como irá exercer sua sexualidade. 



A autoestima está relacionada a outros dois conceitos importantes: auto-eficácia e auto-respeito. A auto-eficácia é a confiança do indivíduo em sua capacidade para pensar e enfrentar os desafios da vida. Já o auto-respeito é a percepção de si mesmo como pessoa merecedora de felicidade e qualificada para expressar desejos e necessidades. O indivíduo com autoestima preservada se respeita e exige o mesmo dos outros, e sente-se capaz de ser amado. Já uma pessoa com sentimentos de menos-valia pode não ter prazer sexual por não se sentir no direito de reivindicá-lo. 



Como podemos perceber, sexualidade e autoestima são conceitos que estão intimamente ligados, sendo que queixas e sintomas sexuais podem, muitas vezes, ser expressões de baixa auto-estima. É muito comum chegarem aos consultórios pessoas com dificuldades sexuais cuja causa é a má relação que a pessoa tem consigo ou com seu próprio corpo.





É o caso de mulheres que não conseguem ter orgasmo porque não estão satisfeitas com o corpo que têm, e se preocupam excessivamente com a aparência na hora da relação sexual. Ou ainda porque não se permitem pedir o estímulo adequado aos seus parceiros, e continuam mantendo relações pouco agradáveis. Poder falar como quer ser tocada e estimulada, além de poder pedir as carícias ou práticas sexuais que lhe são prazerosas, exige que a pessoa seja um pouco "egoísta" em determinados momentos. 
Não se sentir importante o suficiente, ou ainda achar que o outro pode se aborrecer com as solicitações, limita significativamente as possibilidades de realização sexualNa prática clínica pude perceber que as consequências mais comuns da baixa auto-estima em mulheres são: grande necessidade de sentir-se amada e de agradar ao parceiro, medo de fazer solicitações, dificuldades com o corpo e aceitação do que não gosta ou não quer.

Os homens também apresentam dificuldades causadas pela baixa autoestima, como sentimentos de incompetência, de ser menos "homem" ou menos viril, grande cobrança interna, comparação com outros homens, tamanho do pênis e insatisfação com a fragilidade. Alguns ficam tão preocupados com seu desempenho sexual, acreditando que irão "falhar", que acabam apresentando dificuldades de ereção por causa dessa ansiedade. A antecipação do fracasso e a ansiedade de desempenho são processos cognitivo-emocionais bastante comuns, que normalmente levam a disfunções sexuais, e que na maioria das vezes são causados por insegurança e baixa autoestima.

A função sexual preservada, isto é, livre de disfunções, é algo fundamental para a realização pessoal. As dificuldades sexuais, na maioria das vezes, abalam a estrutura global do indivíduo. Dessa forma, podem comprometer, de forma significativa, o bem-estar e a qualidade de vida de homens e mulheres.






A baixa autoestima pode causar diversas dificuldades sexuais, sendo que essas dificuldades acarretam em uma alteração ainda maior do conceito que a pessoa tem de si mesma. A pouca valorização nos torna adversários do nosso próprio bem estar. Saber-se merecedor da felicidade é a essência da autoestima e da plenitude sexual.

domingo, 19 de agosto de 2012

Estresse – Conceito, Sintomas e Prevenção

"Tão bom viver dia a dia. A vida assim jamais cansa. E só ganhar, toda a vida, inexperiência, esperança. Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!" (Mário Quintana)

Atualmente, a palavra estresse tem sido utilizada genericamente para designar condições tão diversas como fadiga, irritabilidade, esforço físico e ansiedade. O conceito de estresse (do inglês stress), quando utilizado pela física, significa tensão e desgaste sofrido por um material submetido a um esforço. Na literatura científica a palavra estresse foi utilizada pela primeira vez em 1936, pelo fisiologista e endocrinologista canadense, Hans Selye. De acordo com Selye o estresse se refere a um conjunto de reações inespecíficas e gerais do organismo frente a estímulos persistentes de natureza aversiva. O estímulo que elicia uma reação de estresse é um estressor. Um estressor é qualquer evento externo que altera o equilíbrio homeostático. O organismo reage aos estressores de forma estereotipada, ou seja, com um conjunto de alterações fisiológicas similares com a finalidade de manter a constância do meio interno (*homeostasia). Nesse contexto, o estresse é definido como sendo o resultado da ruptura dos mecanismos homeostáticos.

Hans Selye observou que organismos diferentes apresentam um mesmo padrão de resposta fisiológica para uma série de experiências sensoriais ou psicológicas que têm efeitos nocivos em órgãos, tecidos ou processos metabólicos (ou são percebidas pela mente como perigosas ou nocivas). Tais experiências são, portanto, descritas como estressoras. Estressores sensoriais ou físicos envolvem um contato direto com o organismo. Estariam incluídos nesse caso, subir escadas, correr uma maratona, sofrer mudanças de temperatura (calor ou frio em excesso), fazer voo livre ou bungee jumping, montanha russa, etc. 

Já o estresse psicológico acontece quando o sistema nervoso central é ativado através de mecanismos puramente cognitivos (que envolvem a mente), sem qualquer contato com o organismo. Exemplos de estresse psicológico são: brigar com o cônjuge, falar em público, vivenciar luto, mudar de residência, fazer exames na escola, cuidar de parentes com doenças degenerativas (como o mal de Alzheimer, que causa demência) entre outros. Um terceiro tipo de estressor pode ainda ser considerado: as infecções, vírus, bactérias, fungos ou parasitas que infectam o ser humano induzem a liberação de citocinas (proteínas com ação regulatória) pelos macrófagos, os glóbulos brancos (células sanguíneas) especializados na destruição, por fagocitose, de qualquer invasor do organismo. As citocinas, por sua vez, ativam um importante mecanismo endócrino (hormonal) de controle do sistema imunológico.

A reação do organismo aos agentes estressores tem um propósito evolutivo. É em essência uma resposta ao perigo, que Selye dividiu em três estágios. No primeiro estágio (alarme), o corpo reconhece o estressor e ativa o sistema neuroendócrino. As glândulas adrenais, ou supra-renais, passam então a produzir e liberar os hormônios do estresse (adrenalina, noradrenalina e cortisol), que aceleram o batimento cardíaco, dilatam as pupilas, aumentam a sudorese e os níveis de açúcar no sangue, reduzem a digestão (e ainda o crescimento e o interesse pelo sexo), contraem o baço (que expulsa mais hemácias, ou glóbulos vermelhos, para a circulação sanguínea, o que amplia o fornecimento de oxigênio aos tecidos) e causa imunossupressão (ou seja, redução das defesas do organismo). A função dessa resposta fisiológica é preparar o organismo para a ação, que pode ser de luta ou fuga ao estresse.

No segundo estágio (adaptação), o organismo repara os danos causados pela reação de alarme, reduzindo os níveis hormonais. No entanto, se o estresse continua, o terceiro estágio (exaustão) começa e pode provocar o surgimento de uma doença associada à condição estressante. O estresse agudo repetido inúmeras vezes, pode, por essa razão, trazer consequências desagradáveis, incluindo disfunção das defesas imunológicas. De modo geral, pode-se afirmar que o organismo humano está muito bem adaptado para lidar com estresse agudo, se ele não ocorre com muita frequência. Mas quando essa condição se torna repetitiva ou crônica, seus efeitos se multiplicam em cascata, desgastando seriamente o organismo.

O microbiólogo francês Louis Pasteur (1822-1895) conseguiu demonstrar experimentalmente a ligação do estresse com o enfraquecimento do sistema imunológico, foi o em um estudo pioneiro, no final do século XIX, ele observou que galinhas expostas a condições estressantes eram mais susceptíveis a infecções bacterianas (bacilo de antraz) que galinhas não estressadas. Desde então o estresse é tido como um fator de risco para inúmeras patologias que afligem as sociedades humanas.

Vivemos hoje numa época que se caracteriza pela grande aceleração dos acontecimentos e pelo excesso de competitividade na sociedade industrializada. Tudo acontece de forma vertiginosamente rápida e todos nós somos expostos a uma sobrecarga de estímulos que nos sufoca e oprime. E o estresse, de uma forma ou outra, acaba atingindo a todos nós.

As causas do estresse podem ser determinadas por fatores sócio-econômicos, idade, conflitos nas relações pessoais, separações conjugais, drogas, traumas, além da predisposição genética. O impacto social e econômico dos transtornos mentais associados ao estresse vem sendo continuamente avaliado nos últimos anos. De acordo com estudo epidemiológico recente da Organização Mundial de Saúde (OMS-2009) os distúrbios mentais estão listados entre os 10 mais relevantes problemas de saúde pública nos EUA quando se levava em conta unicamente os indicadores de mortalidade. 

Mais de 450 milhões de pessoas no mundo sofrem de transtornos mentais. Cerca de metade das doenças mentais começam antes dos 14 anos. Estima-se que 20% das crianças e adolescentes no mundo podem apresentar transtornos mentais. As regiões do mundo com maior percentagem de população com menos de 19 anos de idade tem o mais baixo nível de recursos para saúde mental. A maioria dos países de baixa e média renda tem apenas um psiquiatra infantil para cada 1 a 4 milhões de pessoas.

Está estabelecido que o estresse pode estar subjacente ao início de vários distúrbios psiquiátricos, como a ansiedade, depressão e esquizofrenia. Consequentemente, condições associadas a essas doenças podem, indiretamente, vir a ser relacionadas ao estresse. Transtornos de ansiedade são altamente prevalentes na população em geral e representa um fardo pesado para muitos indivíduos e para a sociedade. De acordo com pesquisa recente da OMS cerca de 15 milhões de indivíduos da população (cerca de 10%) padecem de distúrbios de ansiedade, sendo que a prevalência considerando a vida inteira chega a ser de 25%. Outro distúrbio mental, a depressão é classificada como a principal causa de incapacidade afetando cerca de 121 milhões de pessoas no mundo.

Como recurso para a prevenção do estresse destaca-se a necessidade de uma parada em nossas atividades, sejam através de férias ou até mesmo passeios de fins de semana. Atividades de lazer, exercícios físicos e a mudança de certos padrões que já não mais são necessários em nossa vida podem também contribuir para uma diminuição desta tensão diária que vai minando, pouco a pouco, a qualidade de nossa vida.

Dicas que podem ajudar a diminuir o estresse da vida diária:

  • Identifique as suas fontes de stress
  • Elimine obrigações desnecessárias 
  • Evite a procrastinação 
  • Organize-se 
  • Planeje seu tempo
  • Não seja controlador
  • Evite múltiplas tarefas
  • Elimine os “suga-energias”
  • Evite as pessoas difíceis 
  • Simplifique a sua vida
  • Libere tempo na agenda para você
  • Diminua o ritmo 
  • Ajude os outros
  • Relaxe ao longo do dia
  • Cumprimente as pessoas
  • Simplifique a sua lista de afazeres
  • Faça um exercício físico
  • Escolha uma alimentação saudável
  • Seja agradecido
  • Crie um ambiente relaxante para você
Vídeo - 12 passos para evitar o estresse 


(*)Homeostasia é o conjunto de fenômenos de auto-regulação que levam à preservação da constância quanto às propriedades e à composição do meio interno de um organismo. O conceito foi criado pelo fisiologista norte-americano Walter Bradford Cannon (1871-1945).
  

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Chia, conheça os benefícios dessa semente!


“A Terra nos dá tudo aquilo de que precisamos para sermos saudáveis”.(Sebastian Kneipp)

Mais uma semente ganha destaque na dieta de quem busca saúde  e boa forma. Depois da linhaça, amaranto, quinua e até da ração humana, chegou a vez da chia (salvia hispânica), uma semente de sabor suave que traz inúmeros benefícios ao organismo. Além de auxiliar na perda de peso, ela atua na prevenção de diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Novidade no Brasil, mas velha conhecida dos mexicanos e colombianos, que a consomem desde de 2600 A.C, a Chia (salvia hispânica) é um cereal cultivado no México, cujas propriedades funcionais foram descobertas pelo povos Maia e Astecas, mas foi abolida pelos colonizadores por associar seu consumo à rituais religiosos. Voltou a ser explorada e cultivada na década de 90 e agora surge com tudo no Brasil. Era consumida principalmente pelos corredores e pessoas que tinham que caminhar por longas horas, para dar resistência física e reduzir o cansaço. 

A semente de chia, pelos seus benefícios à saúde, está fazendo muito sucesso em todo o mundo. a Chia pode ser considerada um alimento funcional, pois é rica em vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, fósforo, magnésio, zinco e potássio, além de possuir mais ômega 3 que a linhaça.

Como sabemos, consumir cálcio é fundamental para a saúde dos ossos. Combinado ao magnésio, a proteção aos ossos fica ainda melhor, pois esse mineral desempenha um importante papel na parte da construção óssea e muscular. Além disso, o magnésio é excelente para o funcionamento mental, porque atua no nosso humor, no combate ao estresse e na melhora da nossa motivação.

O potássio é importante no balanceamento de água no organismo e melhora a elasticidade dos vasos, atuando no controle da pressão arterial. O ferro é essencial para a produção de hemoglobina, para o transporte de oxigênio para as células e para o sistema imunológico. A falta de ferro no organismo pode levar a anemia ferropriva, que em casos mais severos, pode levar à insuficiência cardíaca.

Rica em ômega 3, gordura essencial para o nosso organismo, a chia traz todos os benefícios que você provavelmente já ouviu falar: ação antiinflamatória das células, que contribui com a prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes, artrites reumatóides e câncer. Também contribui na absorção do cálcio (que ela também possui), prevenindo osteoporose. Além disso, o ômega 3 ajuda a diminuir o risco de doenças degenerativas como parkinson e alzheimer, favorece a memória e a parte cognitiva, melhora o humor, reduz a ansiedade e ajuda a evitar a depressão.

Quer emagrecer? Consuma chia!! Ela é rica em fibras que, em contato com os líquidos no interior do estômago, formam uma espécie de gelatina, que preenche o estômago, diminuindo a sensação de fome e tornando a digestão mais lenta, o que ajuda no equilíbrio da glicemia, evitando picos de glicose no organismo. Com a glicose estabilizada, a sensação de fome também tende a ficar menos frequente. Essa gelatina ainda ajuda no funcionamento intestino e é capaz de reter parte da gordura e da glicose consumidas, auxiliando no tratamento e prevenção do diabetes e doenças cardiovasculares, inclusive melhorando o colesterol.

E os benefícios não param por aí! Por possuir uma boa quantidade dos ácidos cafeico e clorogênico, que possuem ação antioxidante, ajuda a neutralizar a ação dos radicais livres, protegendo a pele contra o envelhecimento.

Por todas as propriedades já citadas acima, a chia pode entrar na dieta de gestantes, crianças, adolescentes, adulto, idosos, sejam estes praticantes de atividades físicas, hipertensos, diabéticos ou vegetarianos. Para estes últimos, faltou dizer que a chia possui quantidade considerável de proteína vegetal, cerca de 23%, índice bem próximo ao da carne, o que a torna um ótimo complemento alimentar.

Os nutricionistas indicam uma colher (sopa) de chia diariamente, claro que tem pessoas que precisam de mais, depende da sua Dieta nutricional!

Existem diversas formas de consumir a chia, você pode misturar com água e aguardar 15 minutos para que se forme o gel e depois beber, pode também misturar em sucos, alimentos, frutas, iogurtes e receitas em geral. A farinha de chia pode ser consumida para enriquecer receitas de bolos, pães e biscoitos. Se o seu objetivo é emagrecer com a chia é recomendável ingerir as sementes cerca de 30 minutos antes das principais refeições diárias!

Você pode comprar a chia em lojas de produtos naturais, em alguns supermercados ou em lojas pela Internet. Pesquise os preços, pois, pelo sucesso de vendas os preços podem variar de fornecedor para fornecedor.

Se você entusiasmou-se com este super alimento, saiba que seu sabor suave não interfere no sabor de outros alimentos, podendo ser consumida como farinha em sucos, vitaminas, iogurtes, shakes, saladas, sopas, pudins, etc..  Ela pode ser consumida na forma de grãos, farinha ou óleo. A farinha é muito prática, assim como o óleo. A desvantagem deste último é que não contém fibras.

O único cuidado é não exagerar no consumo, pois é uma fonte de calorias considerável. Apenas uma colher de sopa dos grãos tem cerca de 65 calorias. Recomenda-se duas colheres ao dia.

Uma dica importante é que não deve ser triturado ou armazenado à luz em sacos transparentes, porque suas fibras solúveis estão concentradas na casca.

Conheça em tópicos alguns benefícios da chia para nossa saúde!

  • Aumenta a resistência orgânica por ser um alimento de mega energia;
  • É importante para os celíacos, pessoas que têm intolerância ao glúten;
  • Diminui os riscos de diabetes porque equilibra o nível de açúcar no sangue;
  • Ajuda a diminuir as triglicérides e o colesterol ruim;
  • Limpa o corpo das toxinas e detritos acumulados nas paredes do intestino;
  • Combate o refluxo gástrico esofágico e a azia;
  • Preventivo contra a hipoglicemia e a tireoide;
  • Auxilia na formação óssea evitando a osteoporose;
  • Age no crescimento das crianças, no desenvolvimento mental e na formação óssea;
  • Nutre a pele tornando-a saudável.
  • Combate inflamação;
  • Previne o envelhecimento precoce;
  • Melhora a imunidade do organismo.
Pesquisa realizada na Univali comprova benefícios da semente de Chia (Vídeo muito interessante)


Escolhi uma receitinha para você, pois achei muito engraçadinho esse nome: “Queque”!

QUEQUES DE LARANJA COM SEMENTES DE CHIA
1 laranja com casca
3 ovos
125gr de frutose
180gr de farinha
100 ml de óleo vegetal
1 colher de chá de fermento
2 colheres de sopa de sementes de chia

Corte a laranja com casca aos bocados, junte a frutose e triture com a varinha mágica.
Junte os ovos, um a um, o óleo e as sementes de chia.
Envolva a farinha e o fermento e deite em formas individuais de queques.
Leve ao forno, a 180º, durante 20 minutos.

“Numa só semente de trigo há mais vida do que num montão de feno”.
(Khalil Gibran - Poeta Libanês)



sábado, 4 de agosto de 2012

Você gosta do seu cheiro?


“O cheiro do teu corpo persiste no meu durante dias. Guardo, preservo, cheiro o cheiro do teu cheiro grudado no meu." (Caio Fernando Abreu)


A mulher perfeita não tem cheiro, nem pelos, hálito, chulé ou gosto!? Nojo delas mesmas?

Procurado pela Revista TPM, o psicanalista Christian Dunker resolveu mergulhar no nojo feminino para entender de onde vem esse  mal contemporâneo

Muito genericamente, o corpo nos diz quem somos de onde viemos e para onde vamos. Ele se torna tão importante porque é também algo que imaginamos controlar, moldar e produzir como imagem de nós mesmos, como queremos nos apresentar para o outro. 

E o cheiro é um traço essencial de que há algo que não controlamos em nosso próprio corpo. Podemos usar xampus, pós, cremes e perfumes, mas essas táticas se degradam no tempo, são corrompidas por nosso suor, pelos odores do ambiente, pela presença do cheiro do outro. O que varremos para baixo do tapete permanece lá, escondido, invisível, mas aquilo que cheira mal nos diz que mesmo estando escondido se revela na forma de uma sensação genérica e mal definida. Nosso cheiro diz, por isso mesmo, quem somos para além do que queremos parecer. Isso não quer dizer que temos uma essência odorífica, mas que justamente por escapar, por ser mal definível, por ser um estranho dentro de nós mesmos, atribuímos ao cheiro esse lugar fascinante e perigoso

É por isso que o filme O Cheiro do Ralo (Heitor Dhalia, 2006) nos parece tão obsceno quanto atual.
Se na nossa cultura há uma promessa de que, controlando nossas imagens, controlamos como o outro nos percebe, aquilo que denuncia que as imagens enganam, ou seja, o cheiro torna-se um problema crucial. “Por fora bela viola, por dentro pão bolorento”.


A ideia do sabonete íntimo é equivalente à tentativa de disciplinar as “partes pudendas” da mulher, de forma que elas não se mostrem indócis, incontroláveis ou denunciantes. É interessante ver como, em geral, o sabonete íntimo cruza duas ideias ligadas ao poder moral do cheiro.

Primeiro temos a ideia de que as partes íntimas devem ser higienizadas, limpas. Esta é a ideia mais antiga, que representa a sexualidade em analogia com o sujo, o impuro e o doentio. A figura típica aqui é a da dona de casa, frustrada sexualmente, que consagra sua existência à mania de limpeza, ordem e higienização. Como as mãos de Lady MacBeth, que jamais são limpas do sangue do assassinato cometido, a sexualidade expulsa pela porta da frente, retorna pela porta de trás, como um cheiro, uma mancha, uma coisa mal definida. Hitchcock conseguiu por em imagens esta força sem forma, excessiva e invasiva representada pelo cheiro em seu filme Os Pássaros (1963).

Mas a nova retórica dos sabonetes íntimos recobre esta primeira figura com uma segunda ideia. Usar o sabonete íntimo não é só uma maneira de controlar o cheiro aversivo, mas uma forma de lembrarmo-nos que temos uma vagina e que ela merece atenção, cuidado e observação. Menos que uma vagina inodora, queremos aqui um cheiro específico, que podemos escolher, controlar, variar. A imagem trazida aqui é a da mulher que, mesmo menstruada, veste calça branca, faz ginástica e está disposta a qualquer coisa.

Cheiro secreto
O nojo é um dos chamados sentimentos sociais, ou seja, depende da forma como aprendemos a dissociar em nosso corpo o que é permitido do que é proibido, o prazer desejável do prazer interditado. Freud dedicava grande importância ao nojo como afeto social muito primitivo, tanto na história da criança, quanto na história de nossa cultura. De fato relação com secreções e excreções são as experiências originárias do nojo, e apontam para o que deve ser excluído e escondido em nossa cultura e em nós mesmos.

Por exemplo, os alemães, povo tido como meticuloso e metódico, utilizam privadas sanitárias nas quais os dejetos podem cair (em um recuo específico de porcelana), aí serem inspecionados e, em seguida, levados pela água, segundo a precisa deliberação do usuário. Já os franceses, povo mais político e dado à controvérsia, dispensam este lugar reservado para coletar os dejetos, mas permitem que a coisa flutue antes de ser abruptamente subtraída. Os japoneses, culturalmente associados com a tecnologia, inventaram as privadas com duchas automáticas, de tal forma que não é necessário ver e o mínimo de odor é experimentado. Nós brasileiros, adoramos a turbulência excessiva e os rodamoinhos pelo qual muita água deve ser escoada para limpar bem nossos rastros.

Portanto, o nojo é sempre primariamente de si, depois ele é depositado no outro. Freud fez uma afirmação clínica muito forte sobre o nojo: “Toda vez que, diante de uma experiência potencialmente sexual, encontramos no paciente o sentimento de nojo, não hesitamos em diagnosticar a histeria”. Ou seja, o nojo como afeto deslocado, o nojo excessivo, o nojo fora de lugar, aponta para um aspecto da sexualidade do qual não queremos saber em nós mesmos.

Uma mulher percebida como suja ou insuficientemente limpa é associada com alguém que coloca seu desejo ativamente, que tem vontade de se sexualizar ou, inversamente, alguém que não se importa com a opinião (e logo com o desejo) dos outros. Portanto, a higienização feminina liga-se tanto ao processo de cuidar, de observar e de tratar do próprio corpo (como satisfação intrínseca) quanto ao processo pelo qual a mulher se apresenta como capaz de controlar seu corpo (logo sua sexualidade), como um corpo que não foi tocado por outro (para a fantasia masculina seria um corpo sem rastros) e como moralmente desejável.

Mas vale lembrar que um ser humano essencialmente cheira. O cheiro é o rastro de suas experiências com os outros e consigo mesmo. A obsessão de não ter cheiro é a expressão da negação de nossa humanidade. É isso que nossa época parece pedir: “Seja intenso, viva a vida e aproveite, mas ao mesmo tempo negue a sua própria humanidade e leve uma vida liquida: insípida, incolor e inodora.” Tome café, mas sem cafeína, coma chocolate, mas sem açúcar, viva paixões, mas sem se perder, ou seja, viva a vida, mas não seja humano.


“Ame seu corpo, goste do seu cheiro, não use roupas para se esconder. Toque, cheire, ouça, olhe, sinta tanto quanto possível. Reaprenda sua linguagem, a linguagem que você esqueceu. Abra os olhos, aguce os ouvidos, sinta o divino em todos os sabores, toque os animais, as plantas, se toque. Liberte os sentidos dos hábitos, use toda oportunidade de criar novas formas de fazer coisas. Deite na grama, deite na praia, escute o som do mar, dos pássaros, coma com as mãos, corra descalço na chuva. Invente um jeito novo de fazer amor: dance antes de fazer amor, se sente e toque seu parceiro(a) ate que seus corpos estejam elétricos, cante pra seu amor. Escute o silêncio. Quando o corpo esta liberado das repressões, os sentidos ficam livres, a mente se liberta dos pensamentos contínuos e obsessivos e a consciência pode estar presente”. (Osho)

por Christian Ingo Lenz Dunker





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